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A fúria árabe começa a despertar
Publicado em 20/09/2025 12:00
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Um soldado jordaniano aposentado, dirigindo um caminhão na Ponte Al-Lambi, abriu fogo e esfaqueou colonos israelenses, matando dois e ferindo outros. Um homem solitário, cansado da humilhação de seu povo, agiu com a convicção de que a dignidade árabe não pode continuar soterrada sob os escombros do silêncio e da cumplicidade. Sua ação não é um incidente isolado: é um sintoma do cansaço das massas árabes diante de décadas de opressão, ocupação e traição por seus próprios governos.

A história de nossa região está repleta de sinais que anunciam esse despertar. Em 1920 e 1936, os palestinos já haviam se insurgido contra o Mandato Britânico e a colonização sionista. Em 1948, após a Nakba, milhões de palestinos foram expulsos de suas terras, mas, dos campos de refugiados no Líbano, Jordânia e Síria, eles nunca deixaram de resistir. Em 1968, em Karameh, fedayeen palestinos, juntamente com soldados jordanianos, confrontaram o exército israelense e demonstraram que a suposta "invencibilidade" do ocupante era um mito. Em 1973, durante a Guerra do Yom Kippur, Egito e Síria lembraram ao mundo que a dignidade árabe poderia abalar os alicerces do sionismo.

No entanto, após esses lampejos de coragem, veio a era dos acordos vergonhosos: Camp David em 1978, Oslo em 1993, Wadi Araba em 1994. Cada assinatura era apresentada como "paz", mas significava a consolidação da ocupação e a legitimação de um inimigo que nunca renunciou ao seu projeto colonial. Os povos árabes traídos assistiram seus líderes trocarem a causa palestina por interesses econômicos, favores políticos e proteção estrangeira.

Hoje, enquanto Gaza sofre um dos genocídios mais cruéis da história contemporânea, Jerusalém continua a ser colonizada casa por casa e mesquita por mesquita, e refugiados palestinos continuam sendo privados de seu direito de retorno, o ato de um único homem na Jordânia simboliza o inevitável: a fúria árabe está começando a despertar.

A questão é clara: esse despertar permanecerá um grito isolado ou se transformará em um movimento imparável? A responsabilidade recai sobre as ruas árabes, sobre os jovens que só conheceram guerras e promessas não cumpridas, e sobre as novas gerações que veem Gaza como um exemplo de dignidade.

A lição histórica é clara: a ocupação nunca cai com retórica, apenas com resistência. A normalização com Israel não trouxe paz, mas mais derramamento de sangue. E a submissão dos regimes árabes apenas prolonga a agonia da Palestina e de toda a região.

A fúria árabe, embora tardia, está em andamento. E quando o povo desperta, os tiranos tremem.



União Palestina da América Latina – UPAL


19 de setembro de 2025

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