Al-Qaeda volta para casa: presidente sírio em Nova York para discursar na Assembleia Geral da ONU

Ahmad al-Sharaa encontrou-se com líderes judeus sírios após chegar aos EUA, antes da reunião da Assembleia Geral.

Publicado em 23/09/2025 09:14

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O autoproclamado presidente sírio Ahmad al-Sharaa está em Nova York para participar de reuniões da Assembleia Geral da ONU (AGNU), o primeiro presidente sírio a fazê-lo desde 1967, informou a mídia estatal síria SANA em 22 de setembro.

O ex-comandante da Al-Qaeda deve fazer um discurso na Assembleia Geral, que iniciará sua 80ª sessão em 23 de setembro.

“A visita marca um importante momento diplomático para Damasco, que retorna ao palco da ONU no nível de chefe de Estado pela primeira vez depois de quase seis décadas”, declarou a SANA.

Sharaa está acompanhado na viagem por uma delegação de vários ministros e altos funcionários sírios.

Após chegar a Nova York no domingo, o presidente sírio se encontrou com membros da comunidade judaica síria, informou a mídia israelense .

Centenas de pessoas compareceram à reunião, incluindo 11 membros da comunidade judaica síria em Nova York.

Joseph Jajati, um empresário judeu sírio-americano, afirmou que a questão de Israel não foi discutida durante a reunião.

Os países estão em negociações para um acordo de segurança que supostamente desmilitarizaria o sul da Síria, daria a Israel um corredor aéreo sobre o país para bombardear o Irã e permitiria que Israel ocupasse o estratégico Monte Hermon, na fronteira entre Síria e Líbano, permanentemente.

Sharaa começou sua carreira militante como comandante do Estado Islâmico do Iraque (ISI), o antecessor do ISIS.

Após sua libertação da prisão americana em Bucca, Iraque, ele foi enviado à Síria em 2011 pelo líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, para fundar uma nova ala da organização, a Frente Nusra.

Mais tarde, Sharaa se separou de Baghdadi e declarou lealdade ao líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, um suposto mentor dos ataques de 11 de setembro em Washington e Nova York, que assumiu a liderança do grupo terrorista após a morte de Osama Bin Laden.

Ao rotular a Frente Nusra como uma organização terrorista e oferecer uma recompensa de US$ 10 milhões pela captura de Sharaa, a inteligência dos EUA forneceu apoio secreto à Frente Nusra como parte da Operação Timber Sycamore da CIA para derrubar o governo do ex-presidente sírio Bashar al-Assad.

Sharaa e a Frente Nusra – mais tarde renomeada como Hayat Tahrir al-Sham (HTS) – finalmente tomaram o poder em Damasco em dezembro de 2024.

A recompensa de US$ 10 milhões foi rapidamente retirada, e Sharaa foi publicamente acolhido por autoridades do Reino Unido e dos EUA. Surgiram relatos de que a inteligência britânica vinha preparando Sharaa para se tornar o próximo presidente sírio há vários anos.

Sharaa se encontrou com o presidente dos EUA, Donald Trump, na Arábia Saudita em maio. Após o encontro, Trump ofereceu palavras gentis a Sharaa, conhecido por enviar homens-bomba e caminhões-bomba para matar civis no Iraque, na Síria e no Líbano.

Posteriormente, Washington suspendeu a maioria das sanções a Damasco, numa tentativa de apoiar o governo de Sharaa.

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Asaad al-Shaibani, viajou para Washington na quinta-feira para pressionar autoridades americanas pela remoção das sanções restantes à Síria.

No sábado, Shaibani se reuniu com membros da Comissão dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF).

A reunião discutiu “maneiras de promover o diálogo e o entendimento entre povos e culturas”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Síria em um comunicado publicado no X.

Em março e julho, as forças sírias realizaram massacres horríveis contra as minorias religiosas alauítas e drusas da Síria, matando mais de 2.000 civis.