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Trump dá dois pasos decisivos na sua escalada militar contra a Venezuela
Publicado em 14/10/2025 16:00
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Relatórios recentes do New York Times (NYT) e da CNN confirmam uma escalada perigosa na política externa da administração Trump em relação à Venezuela, além de expor com crueza os mecanismos legais e militares que estariam sendo ativados para justificar uma eventual intervenção direta.

Isso se o cenário passar das operações psicológicas e dos assassinatos extrajudiciais no sul do Caribe para outro em que se cumpram as expectativas do partido da guerra dos Estados Unidos, cujo principal representante é o atual secretário de Estado.

Longe de ser uma resposta legítima às supostas ligações entre o governo de Nicolás Maduro e o narcotráfico – acusações já amplamente desacreditadas por investigações independentes e organismos internacionais –, esses movimentos fazem parte de uma estratégia deliberada e coerente de mudança de regime, enquadrada numa atualização contemporânea da Doutrina Monroe, que busca reafirmar a hegemonia dos Estados Unidos na América Latina e no Caribe por meio da ameaça ou do uso direto da força.

A farsa como pretexto

A administração Trump construiu a sua narrativa com base em acusações infundadas que apresentam a Venezuela como um “Estado narco-terrorista”.

No entanto, como demonstrado em análises anteriores, essas acusações carecem de provas sólidas e têm sido sistematicamente utilizadas como ferramenta de pressão política.

A recente decisão de Trump de cancelar as negociações diplomáticas lideradas pelo seu enviado especial, Richard Grenell – que buscava uma saída negociada para evitar um confronto maior –, evidencia que o objetivo nunca foi a cooperação ou a verificação dos fatos, mas a imposição unilateral de condições inaceitáveis para Caracas, com o objetivo de gerar um pretexto para a intervenção.

O fato de figuras como Marco Rubio, John Ratcliffe (diretor da CIA) e Stephen Miller (assessor-chave de Trump) estarem promovendo abertamente uma operação militar para derrubar Maduro, conforme relatado pelo NYT, reforça a tese de que o discurso sobre o narcotráfico é meramente instrumental.

Não se trata de combater um crime transnacional, mas de legitimar perante a opinião pública norte-americana – e, em menor medida, internacional – uma agressão que viola flagrantemente o Direito Internacional e a soberania de um Estado-membro das Nações Unidas.

Prejuízo jurídico a serviço da guerra secreta

Talvez o aspecto mais alarmante revelado pela CNN seja a existência de um parecer confidencial do Gabinete de Assessoria Jurídica do Departamento de Justiça (OLC, na sigla em inglês), que concede ao presidente Trump autoridade para ordenar o uso de força letal contra uma “lista secreta” de cartéis e supostos traficantes.

Esta interpretação jurídica – que equipara o tráfico de drogas a um “ataque armado” contra os Estados Unidos – representa uma expansão perigosa dos poderes executivos, comparável às políticas de guerra secreta implementadas após o 11 de setembro, mas agora aplicadas a todo o continente americano.

Ao declarar os traficantes de drogas como “combatentes ilegais” num suposto “conflito armado”, o governo Trump apaga a linha entre o crime organizado e a guerra para abrir a porta a execuções extrajudiciais, operações secretas e ataques militares sem autorização do Congresso nem supervisão judicial.

Essa lógica é juridicamente questionável – como apontaram advogados do próprio Pentágono – e também normaliza a violência letal como ferramenta de política externa na região.

Basicamente, “tornar os Estados Unidos grandes novamente” traduz-se num Estado de exceção em que a necropolítica é imposta na base institucional: Washington decide quem deve viver e quem deve morrer a seu bel-prazer, além da sua própria guerra hegemônica.

Militarização do Caribe e risco de guerra regional

O envio sem precedentes de recursos militares americanos para o Caribe – incluindo pelo menos quatro ataques a embarcações em águas internacionais – não pode ser interpretado como uma mera operação antidrogas. Trata-se de uma demonstração de força estratégica, destinada a intimidar o governo venezuelano e preparar o terreno para uma possível intervenção direta.

Esta ação responde claramente a uma visão neocolonial que considera a América Latina como um “quintal” onde Washington pode agir sem prestar contas.

militarização do Caribe sob o pretexto do narcotráfico é, em essência, uma reedição da Doutrina Monroe, atualizada para o século XXI: reafirma a supremacia dos Estados Unidos e criminaliza qualquer tentativa de autonomia política na região.

Neste contexto, a Venezuela – por sua resistência histórica ao imperialismo e sua aliança com atores não alinhados como China, Rússia e Irã – torna-se um alvo precioso por seus recursos e sua localização geográfica.

As reportagens do NYT e da CNN devem ser lidas como sinais de alerta precoce de uma escalada que pode resultar numa guerra aberta.

O cancelamento da diplomacia, a criação de marcos legais secretos para justificar o uso da força letal, a expansão das autoridades da CIA e o envio de tropas para o Caribe formam uma trama coerente voltada para a derrubada do governo venezuelano.

Perante esta estratégia, a comunidade internacional – e em particular os países da América Latina – têm a responsabilidade de denunciar estes movimentos como o que são: uma agressão imperial disfarçada de luta contra o crime. A Colômbia deu um passo em frente neste sentido, assim como Cuba e a Nicarágua, como países líderes da ALBA-TCP.

Um cenário de imposição beligerante por parte dos Estados Unidos não diz respeito apenas à Venezuela, embora seja um objetivo oficial da Casa Branca: envolve também o resto do hemisfério, seja por convergência geopolítica, por decisão moral ou por mero exemplo de castigo – “isto também pode acontecer a você mesmo”.

A paz na região depende da capacidade coletiva de resistir a esta nova onda de intervencionismo e defender o princípio inviolável da soberania nacional, numa zona que foi declarada de paz.

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Fonte: https://misionverdad.com/venezuela/trump-da-dos-pasos-decisivos-en-su-escalada-militar-contra-venezuela

08/10/2025

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