“Dividir para Conquistar”, a famosa máxima atribuída a Júlio César, descreve com precisão a tática que a realidade palestina enfrenta hoje. Não se trata apenas de uma máxima histórica; é a interpretação crua de uma política que fragmenta nossas instituições, aliena lideranças, corrói a solidariedade interna e, em última análise, enfraquece a única força capaz de enfrentar o jugo do sionismo: nossa unidade.
Por décadas, testemunhamos como a ocupação e as políticas que a sustentam têm efetivamente praticado a fragmentação: alimentando disputas entre grupos políticos, manipulando lealdades, fomentando a desmobilização social e legitimando soluções parciais que não desafiam o status quo. Essa estratégia não é ideológica em si; é instrumental: busca dispersar energias, atomizar demandas e apresentar arranjos que dão a aparência de paz, enquanto perpetuam a injustiça.
Diante disso, a resposta é clara e inequívoca. Não podemos aceitar que a narrativa imposta nos reduza a espectadores de um processo desenhado sem nós. Não podemos permitir que acordos que omitem o essencial – a dignidade, a representação e a voz do povo palestino – se tornem marcas da normalidade. E, acima de tudo, não podemos continuar a cair na armadilha da divisão.
Hoje, a UPAL faz um apelo firme e urgente: unamo-nos. Unamos organizações comunitárias, instituições da diáspora, jovens comprometidos, instituições acadêmicas, igrejas e mesquitas, jornalistas e ativistas; unamos aqueles que carregam a Palestina em nossas memórias e aqueles que a carregam em nossos corações. Unidade não significa uniformidade: significa articular diferenças em um projeto comum, coordenar ações, compartilhar plataformas e levantar uma voz coletiva que exija o que é justo e legítimo.
A unidade deve se traduzir em ações concretas. Propomos, entre outras medidas urgentes:
1. Coordenação regional permanente entre organizações palestinas na América Latina para ações diplomáticas e humanitárias conjuntas.
2. Campanhas culturais e educacionais que fortaleçam a memória histórica nas novas gerações e preservem a identidade palestina.
3. Redes de solidariedade que canalizem ajuda eficaz e transparente para as comunidades afetadas em Gaza e na Cisjordânia.
4. Estratégias jurídicas e de advocacy pública que exijam responsabilização e denunciem as violações quando elas ocorrerem, em todos os fóruns internacionais relevantes.
5. Espaços de diálogo interno para resolver divergências políticas com base no respeito e na vontade de construir convergência operacional.
Não nos deixemos enganar por retóricas que celebram pausas sem justiça ou por promessas que não reconhecem o povo como ator central. A paz autêntica nasce do reconhecimento mútuo, da justiça aplicada e da participação daqueles que viveram a experiência da ocupação. Qualquer caminho que ignore isso é uma armadilha sofisticada que reproduz a lógica da dominação por meio da fragmentação.
Lembremos também que a força da nossa causa reside em sua dimensão humana: mães e pais, crianças e idosos que exigem reparação, segurança e um futuro. Não podemos permitir que suas vozes se diluam em disputas que favorecem aqueles que mantêm sistemas de controle e violência.
Que este dia não seja apenas mais uma proclamação retórica. Que 17 de outubro seja um ponto de inflexão: a data em que renovamos nosso compromisso com a unidade estratégica e com a construção de canais eficazes de ação e solidariedade. Que o sionismo encontre em nossa unidade a resposta que não pode silenciar com suas divisões.
Unidos, recuperamos a iniciativa moral e política. Unidos, reivindicamos com maior força e legitimidade. Unidos, avançamos em direção a um horizonte de dignidade para nosso povo.
União Palestina da América Latina (UPAL)
17 de outubro de 2025