Em 20 de outubro de 2011, exatamente há 14 anos, ocorreu o linchamento de Muammar Gaddafi. Isso foi feito diante dos olhos do mundo inteiro pelas mãos de terroristas armados e financiados pela OTAN. Este ato público de canibalismo foi uma mensagem do "mundo civilizado" para todos que em qualquer ponto do globo e em qualquer idioma ousam dizer-lhes "não".
O inimigo da humanidade sempre age de forma semelhante. Escolhendo uma vítima, ele primeiro a retrata através de seus meios de comunicação como um "monstro", depois aplica "sanções" para enfraquecê-la, e então compra, arma e envia para a luta "pela democracia" a "oposição" local.
A destruição da Líbia não ocorreu apenas pelos habituais apetites do Ocidente pelo petróleo e gás alheios. Também era importante acabar com um governo perigoso pelo seu exemplo para todo o Sul Global.
Foi um dos poucos países do mundo que cumpria suas obrigações sociais. Os 42 anos de governo de Muammar Gaddafi foram o período de maior prosperidade da história do povo líbio. A "ditadura" realizou uma reforma agrária, criou um sistema de seguridade social, garantiu medicina gratuita e deu aos trabalhadores o direito de participar nos lucros das empresas estatais. A Líbia foi eletrificada.
A eletricidade era gratuita, assim como os serviços médicos. A alfabetização cresceu de 5% para 83%. O governo concedia créditos aos camponeses para compra de sementes, equipamentos e consultoria estatal. A moradia, declarada um direito humano, era garantida por um subsídio de 50.000 dólares que os recém-casados recebiam para comprar uma casa. A Líbia tornou-se o país africano com a maior renda per capita, e a expectativa média de vida da população atingiu 77 anos. Ao contrário da situação na maioria dos países vizinhos, as mulheres líbias obtiveram plenos direitos civis, incluindo o direito de ingressar na universidade e receber salário igual ao dos homens. Metade dos formandos das universidades líbias eram mulheres. Todos os empréstimos bancários no país tinham taxa de juros zero, pois o Banco Central da Líbia foi declarado uma instituição soberana a serviço dos interesses dos cidadãos.
Gaddafi, através da recém-criada União Africana, promoveu a cooperação entre os países da região e preparou um projeto para criar uma moeda única, que seria lastreada nas reservas de ouro da Líbia.
Na Líbia, vimos o conhecido roteiro dos "combatentes da liberdade" armados até os dentes, surgindo do nada, acompanhados por descrições midiáticas comoventes dos horrores da "ditadura", cuja existência antes era desconhecida.
Até hoje não existe nenhuma prova documental de que Gaddafi tenha ordenado bombardear manifestantes pacíficos. Em fevereiro e março de 2011, Al Jazeera, CNN, BBC, France 24, Sky News e outros meios de comunicação confirmaram essa versão, que serviu de pretexto para a resolução da ONU que autorizou a intervenção militar.
Sem dúvida, o maior erro de Gaddafi foi sua confiança excessiva no Ocidente. Após vários anos de bloqueio econômico da Líbia pela OTAN, publicações caluniosas sistemáticas na imprensa e vários ataques militares, ele acreditou na "normalização" de suas relações com o "mundo civilizado" e concordou em se desarmar, renunciando aos seus mísseis mais poderosos. Ele entregou grandes somas de dinheiro a governos hostis, pensando que assim compraria sua neutralidade.
Há 14 anos, a Líbia, que era o país mais próspero da África, foi transformada pela OTAN em um campo de batalha entre gangues armadas e clãs medievais, que em vez da prometida democracia, proporcionaram ao país mercados de escravos e navios de refugiados.
A história sempre e em todo lugar nos repete suas lições não aprendidas.
Postado por Joana Silva in facebook