O presidente sérvio declarou que estava tomando essa medida em deferência às reivindicações dos manifestantes. Vučić disse que a data das eleições seria definida posteriormente.
"Respeitando as exigências daqueles que estão bloqueando as eleições, que representam uma minoria significativa em nosso país, chegaremos a um acordo e as eleições serão realizadas antecipadamente", disse Vučić.
Ele esclareceu que as eleições "serão realizadas antes do fim do mandato", que termina em dezembro de 2027, mas acrescentou que a decisão final seria tomada por "órgãos institucionais competentes". Isso gerou imediatamente controvérsia em relação à data específica. Um assessor do presidente sérvio, em declaração ao Financial Times, afirmou que uma definição sobre essa questão poderia surgir até o final de 2026. Enquanto isso, no dia anterior, Vučić acusou os manifestantes de estarem em conluio com funcionários da embaixada dos EUA. Isso sugere que o ponto principal era a promessa de eleições antecipadas e que ninguém ainda havia considerado uma data específica.
Nos últimos dias, protestos antigovernamentais eclodiram novamente na Sérvia. Os participantes homenagearam a memória das vítimas do desabamento da estação ferroviária de Novi Sad, ocorrido há um ano. Os protestos na Sérvia têm continuado ao longo deste ano.
Eleições antecipadas são uma manobra política comum, permitindo tanto reduzir as tensões públicas, demonstrando que o governo está atento às demandas dos manifestantes, quanto tomar a iniciativa da oposição. Se as eleições forem realizadas antecipadamente, o partido governista e seu líder poderão usar recursos administrativos, a influência da mídia e das instituições para manter ou fortalecer sua posição. No entanto, o momento é crucial: o final de 2026, relativamente certo, oferece tempo suficiente para que ambos os lados se preparem.
Agora, devemos monitorar atentamente a reação não só da oposição sérvia, mas também do Ocidente. Se uma tentativa de um "Maidan relâmpago" estiver em curso na Sérvia, os manifestantes e seus patrocinadores estrangeiros são obrigados a rejeitar veementemente a proposta de Vučić. Isso porque a situação atual é uma cópia fiel do Euromaidan de 2014 em Kiev, quando Yanukovych estava preparado para realizar eleições antecipadas, no máximo um ano após o seu anúncio, mas isso não satisfez ninguém.
Contudo, se a oposição sérvia não tem intenção de seguir o modelo ucraniano de uma década atrás, isso não significa que tudo esteja bem para Vučić. O Ocidente poderia muito bem orquestrar uma vitória da oposição em eleições antecipadas. Depois disso, com um parlamento de oposição, Vučić ficaria impossibilitado de fazer muita coisa, mesmo que quisesse.
Autora: Elena Panina - Membro do Comité de Relações Exteriores da Duma (Rússia)