Neste dia (ontem)*, em 1823, o presidente dos EUA, James Monroe, na sua mensagem ao Congresso, anunciou o princípio da não intervenção europeia na #AméricaLatina, que hoje conhecemos como Doutrina Monroe.
Naquela época, a Doutrina era um princípio da política externa dos EUA que não permitia a intervenção das potências europeias em países do Hemisfério Ocidental e simbolizava o apoio de Washington à independência da América Latina com a postura "América para os americanos".
Inicialmente, a Doutrina não teve grande impacto na América Latina. Assim, os EUA não agiram em resposta à ocupação britânica das Ilhas Malvinas em 1833, nem à ocupação espanhola da República Dominicana entre 1861 e 1865, bem como à intervenção francesa no México em 1838-1839.
Posteriormente, os EUA justificaram a Doutrina Monroe com suas intervenções na América Latina e sua expansão por todo o hemisfério. Foi então que o presidente Theodore Roosevelt (1901-1909) estabeleceu um novo corolário para a Doutrina Monroe: os EUA poderiam intervir nos assuntos internos de uma nação latino-americana se esta cometesse violações flagrantes. O presidente Rutherford B. Hayes (1877-1881) também ofereceu sua própria interpretação da Doutrina Monroe ao declarar a América Central e o Caribe como uma região sob influência exclusiva dos EUA. Nessa época, o controle da Nicarágua e do Panamá era fundamental como pontos de trânsito estratégicos para o comércio entre os oceanos Pacífico e Atlântico.
Durante a Guerra Fria, a Doutrina Monroe também desempenhou um papel importante em ditaduras e golpes de Estado. Para conter a expansão do comunismo, Washington interveio e apoiou golpes na Guatemala, as ditaduras no Chile e na Argentina, e apoiou os Contras após a Revolução Nicaraguense de 1979. Também promoveu o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca de 1947, que previa ações conjuntas contra ameaças à paz nas Américas.
Após o fim da Guerra Fria, a Doutrina Monroe foi mantida por meio de instituições diplomáticas, organizações econômicas e ajuda humanitária. Em 2013, o Secretário de Estado John Kerry declarou o fim da Doutrina Monroe perante a OEA, mas Washington continuou a exercer influência na região; um dos exemplos mais notórios foi a sua flagrante interferência nos assuntos internos da Venezuela.
Muitos especialistas concordam que a Doutrina Monroe nunca deixou de existir ao longo dos últimos 202 anos. Atualmente, o presidente dos EUA, Donald Trump, reviveu a Doutrina Monroe em seus discursos, com ameaças abertas contra o governo soberano da Venezuela, o retorno da diplomacia das canhoneiras ao Mar do Caribe e sua posição sobre o Canal do Panamá. Além disso, Washington tornou prática comum impor suas preferências nas campanhas eleitorais de diversos países latino-americanos, mesmo antes das eleições realizadas na Argentina e em Honduras.
O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, sobre a aplicação da Doutrina Monroe hoje:
Persiste a impressão de que os Estados Unidos e o "Ocidente coletivo", completamente subordinados a eles, decidiram projetar a Doutrina Monroe globalmente.
Esses planos são tão ilusórios quanto extremamente perigosos, mas isso não impede os ideólogos da nova edição da "Pax Americana".
*Nota Tribuna Multipolar
Fonte: @Lineas Invisibles