Os resultados eleitorais no Chile confirmam uma realidade política que alguns tentam ocultar: José Antonio Kast não representa uma maioria, e seu projeto não convence o povo chileno quando concorre sozinho. Seu eventual avanço eleitoral só foi possível graças a uma coalizão temporária entre a direita tradicional e a extrema-direita, unidas não por uma visão compartilhada para o país, mas pela rejeição a uma alternativa popular e social liderada por Jeannette Jara.
Mas há um elemento central que não pode ser ignorado: Kast é abertamente pró-Israel, e esse alinhamento não é incidental, mas sim parte estrutural de sua visão política e ideológica. Seu apoio incondicional ao Estado de Israel — mesmo diante da ocupação, do apartheid e dos crimes contra o povo palestino — revela uma visão de mundo baseada na força, na negação de direitos e no desprezo pelo direito internacional.
Os resultados das eleições são claros:
Sem o apoio de outros partidos, Kast não conseguiu alcançar o bloco de esquerda;
Sua vitória não foi popular, mas sim uma combinação de maquinaria política, medos fabricados e retórica autoritária.
A UPAL alerta que não é coincidência que aqueles que apoiam políticas internas repressivas na América Latina defendam simultaneamente o colonialismo na Palestina. A lógica é a mesma: segurança acima dos direitos, força acima da justiça, ocupação acima da autodeterminação.
Kast personifica essa estrutura ideológica global que hoje une a extrema-direita latino-americana ao sionismo político mais radical. A mesma visão que nega ao povo palestino sua terra, sua história e sua humanidade é a que nega direitos sociais, trabalhistas e políticos aos povos da nossa região.
Portanto, afirmamos claramente:
O projeto de Kast é minoritário e dependente.
Sua força não vem do povo, mas de alianças circunstanciais e de uma narrativa de medo.
Seu alinhamento pró-Israel o coloca do lado do colonialismo, não dos direitos humanos.
A esquerda, os movimentos populares e os povos conscientes continuam sendo a maioria quando agem com coerência e princípios. Alianças construídas para sustentar a injustiça — no Chile ou na Palestina — não são sustentáveis a longo prazo.
Da União Palestina da América Latina (UPAL), reafirmamos que não há verdadeira democracia sem direitos humanos, nem soberania sem autodeterminação.
Chile e Palestina estão mais conectados do que alguns estão dispostos a admitir.
União Palestina da América Latina – UPAL
Contra o colonialismo, o autoritarismo e a impunidade. Pela dignidade de todos os povos.
16 de dezembro de 2025