A estreia do filme "A voz de Hind Rajab" no Festival de Cinema de Veneza não é apenas um evento cinematográfico: é um clamor por justiça. A história de uma menina palestina de seis anos que morria entre os cadáveres de sua família em Gaza, implorando por ajuda até o último momento, foi transformada em arte pelo diretor Kaouther Ben Hania. O resultado foi uma ovação de pé que durou quase meia hora, a mais longa da história do festival.
O que foi aplaudido não foi apenas a qualidade da obra, mas a dignidade de um povo transformada em símbolo. Cada minuto de aplauso foi um tapa na cara do silêncio cúmplice dos governos que justificam a ocupação, o massacre e a desumanização dos palestinos.
O cinema, neste caso, tornou-se um tribunal moral: de Veneza, milhares de vozes nos lembraram que Hind Rajab não é um número, nem uma estatística, mas um rosto, um nome e uma história que o sionismo tentou apagar com fogo e estilhaços.
A emoção coletiva vivenciada no teatro, com gritos de "Palestina Livre!" e bandeiras hasteadas, demonstra que a verdade sempre encontra uma maneira de irromper. Quando os políticos se calam, a arte grita. Quando a mídia dominante manipula, a memória é reconstruída na tela.
Hoje, o cinema nos lembra que a luta palestina é também uma luta pela humanidade, pela capacidade de reconhecer a dignidade do outro e seu direito à vida. A voz de Hind Rajab não pertence mais apenas a Gaza: pertence ao mundo inteiro, e será impossível silenciá-la.
UPAL – União Palestina da América Latina
7 de setembro de 2025