Enquanto as câmeras do mundo permanecem focadas na devastação em Gaza, outra tragédia se desenrola na Cisjordânia, menos visível, mas igualmente brutal. Israel aproveitou a distração da humanidade para aprofundar um mecanismo de repressão que, por ser rotineiro, corre o risco de passar despercebido.
Até o momento, mais de 20.000 palestinos permanecem presos sem acusações. A chamada "detenção administrativa" tornou-se um instrumento de controle em massa: encarcerando milhares de pessoas sem julgamento, sem provas e sem direitos. Não se trata apenas de números, mas de famílias desfeitas, crianças crescendo sem pais, jovens privados de um futuro.
A estratégia é clara: enquanto Gaza sangra à vista de todo o planeta, a Cisjordânia é estrangulada em silêncio. Colonos armados agem impunemente, o exército invade cidades e campos de refugiados todas as noites, estradas são fechadas e aldeias inteiras são sitiadas. O mapa da repressão se estende centímetro a centímetro, com a cumplicidade do silêncio internacional.
A atenção global não pode se dar ao luxo de olhar apenas para uma frente. Gaza e a Cisjordânia são parte do mesmo corpo ferido, parte do mesmo projeto colonial que busca apagar um povo de sua terra. Ignorar o que está acontecendo na Cisjordânia é aceitar que a desapropriação se normalizará, que a ocupação continuará para sempre.
Lembrar esta verdade é um dever ético: a Palestina resiste em cada prisão, em cada aldeia, em cada criança que aprende a pronunciar seu nome sob o peso da ocupação. E essa resistência merece ser vista e apoiada com a mesma força com que o genocídio em Gaza é denunciado.
UPAL – União Palestina da América Latina
8 de setembro de 2025