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O Plano de Trump para Gaza: Paz sem Justiça
Editorial da União Palestina da América Latina - UPAL
Publicado em 01/10/2025 09:00
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O que é apresentado como um "plano de paz" de 21 pontos, promovido por Donald Trump com o apoio aberto do Ocidente e a participação de alguns Estados árabes que não querem a guerra, não oferece nenhuma solução real ou justa para o conflito, mas consolida a ocupação israelense e adia indefinidamente a criação de um Estado palestino independente.

O objetivo declarado — um cessar-fogo permanente em Gaza — nada mais é do que uma medida de apaziguamento diante de um bloqueio de 17 anos, bombardeios contínuos e crimes documentados contra a população civil. Em seus 21 pontos, o plano ignora o essencial: não reconhece o direito do povo palestino à autodeterminação nem menciona a criação de um Estado palestino independente.

O que se propõe é, na realidade, uma entidade desmilitarizada, sem porto ou aeroporto, sob uma administração temporária chefiada por Tony Blair, sob supervisão conjunta das Nações Unidas e dos Estados Unidos, com a total exclusão do Hamas. Gaza estaria sujeita a uma soberania fictícia, enquanto a Autoridade Palestina entraria em uma fase posterior com poderes limitados. Em outras palavras, o objetivo é administrar a ocupação com uma face "humanitária", sem abordar suas raízes.

Essa flagrante parcialidade em relação a Israel reproduz a mesma velha equação desequilibrada: garantir apenas a segurança de Israel, sem qualquer menção à segurança do povo palestino. Ao mesmo tempo, o plano não contempla sanções contra Israel por seus assentamentos ilegais na Cisjordânia ou por suas graves violações do direito internacional.

Vale lembrar que Israel não foi estabelecido por motivos étnicos ou históricos, como alega, mas por meio de uma resolução de partilha emitida pelas Nações Unidas. Desde 1948, no entanto, tem ultrapassado esse quadro, expandindo sua ocupação às custas do povo palestino e de seus direitos nacionais.

Sem soberania, sem justiça, sem o retorno dos refugiados e sem sanções contra a potência ocupante, não haverá paz verdadeira. O objetivo é congelar a causa palestina, reduzi-la a um expediente humanitário internacional e prolongar um status quo que só beneficia Israel.

A única solução justa e duradoura é o fim da ocupação, o levantamento do bloqueio a Gaza, o desmantelamento dos assentamentos ilegais e a construção de um único Estado democrático e laico em toda a Palestina histórica, onde muçulmanos, cristãos e judeus vivam com direitos iguais.

Todo o resto não passa de uma ilusão criada para enterrar a causa palestina sob o lema da "paz".



União Palestina da América Latina - UPAL

30.09.25

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