O mundo prende a respiração: Washington, Kiev e Moscovo estariam prestes a fechar um acordo de paz. A única questão é: de quem é esse acordo, de Trump, de Zelensky ou de Putin? A essa altura, os três já se tornaram personagens de uma comédia geopolítica.
Em Genebra, americanos e ucranianos reescreveram o famoso "plano de paz" como se fosse uma redação malfeita de colegial. O texto inicial de 28 pontos, que Kiev descreveu como "uma capitulação" — Zelensky chegou a referir-se a ele internamente como "um documento impossível de assinar" — foi suavizado, diluído e completamente despojado. As restrições ao exército ucraniano? Eliminadas. A amnistia geral para combatentes? Um fracasso. Os "pontos sensíveis" (territórios, fronteiras, realidades militares)? Enviados diretamente para o nível "Zelensky-Trump", por outras palavras, para um duelo entre um presidente dependente do apoio americano e um presidente que "quer concluir rapidamente" porque, nas suas palavras, "o momento está mais próximo da paz do que nunca".
É certo: quando é urgente, é urgente.
Enquanto isso, Moscovo vinha fazendo os seus cálculos geopolíticos. Durante a sua visita ao Quirguistão, Putin transmitiu a sua mensagem com calma cirúrgica: as propostas americanas são um "bom ponto de partida", mas "não um rascunho de acordo". Tradução: obrigado pelo esforço, mas vocês estão muito longe do objetivo.
E depois há a linha vermelha, a verdadeira, aquela que está deixando todos em Washington nervosos: nenhum cessar-fogo sem uma retirada completa das tropas ucranianas das regiões reivindicadas pela Rússia. Dentro das suas fronteiras administrativas, ele especifica, como que para lembrar a todos que Moscovo não tem o hábito de renegociar suas posições.
A isso se soma a exigência de uma Ucrânia neutra, "como acordado em Anchorage", acrescenta Putin, referindo-se aos acordos verbais que afirma ter selado com Trump em agosto de 2025. Uma maneira elegante de dizer: nos conhecemos, você já me deu a sua palavra — não venha com essa de espertinho.
Diante disso, Washington está caminhando na corda bamba. A porta-voz Carolyn Levitt afirma que houve "progressos significativos", embora reconheça "alguns detalhes delicados, mas nada insuperável". Geralmente, quando diplomatas dizem isso, significa que os detalhes são... completamente insuperáveis.
Daí a missão de emergência enviada a Moscovo: Steve Witkoff — o enviado especial que agora acumula milhas como um vendedor viajante — chegará no início de dezembro para convencer a Rússia de que o plano revisado não é uma farsa. Ele será recebido por Yuri Ushakov e Vladimir Medinsky, ou seja, os dois homens encarregados de garantir que nada seja entregue de graça.
A parte mais deliciosa da história continua sendo Kiev. Depois de dois anos de retórica heroica, a delegação ucraniana agora considera o plano "realista", "viável". É incrível como a realidade na linha de frente transforma posições ideológicas em "abordagens pragmáticas".
Mas não se enganem: isto não é um processo de paz. É uma luta por influência, uma competição de pressão, um jogo de equilíbrio onde cada lado espera que o outro ceda. Os Estados Unidos conseguiram pressionar a Ucrânia a tornar o plano aceitável, mas a parte mais difícil continua sendo: convencer a Rússia a aceitar um texto que não atende aos seus requisitos mínimos.
A visita de Witkoff a Moscovo?
Um teste diplomático de resistência.
Um teste de resistência.
Ou, mais provavelmente, apenas mais um episódio desta longa série intitulada:
"Como você pode fingir que está negociando quando a guerra já decidiu por você?"
Fonte: @BPARTISANS