O que está por trás dessa medida?
O reconhecimento apressado do que é chamado de “Somalilândia” pelo sionismo não foi um gesto diplomático circunstancial nem um endosso ao direito à autodeterminação, mas uma manobra calculada dentro de uma estratégia expansionista que se estende além da Palestina e agora se projeta na África.
Na lógica sionista, não existem coincidências ou atos gratuitos.
Primeiro: Posicionamento marítimo para impor hegemonia
A “Somalilândia” ocupa uma localização estratégica chave no Golfo de Aden, perto do Estreito de Bab el-Mandeb, uma das rotas marítimas mais importantes do mundo.
Essa localização permite à entidade sionista monitorar o comércio global, expandir sua presença militar e de inteligência e alterar o equilíbrio regional. O reconhecimento, na realidade, mascara um desdobramento militar indireto.
Segundo: Segurança como fachada, bases como realidade
O padrão é claro: reconhecimento político, cooperação em “segurança”, presença de inteligência e, finalmente, bases militares.
A falta de reconhecimento internacional torna a “Somalilândia” um terreno fértil para acordos secretos fora de qualquer supervisão.
Terceiro: Fragmentar os Estados para dominá-los
Assim como na Palestina e no Sudão, o sionismo visa desmembrar os Estados e criar entidades fracas e dependentes.
O reconhecimento busca enfraquecer a Somália, criar uma entidade subordinada e expandir a influência sionista na África.
Quarto: Gaza e deslocamento forçado, a chave silenciada
Este reconhecimento não pode ser dissociado dos debates sionistas e ocidentais sobre o deslocamento forçado de grandes setores da população de Gaza da Palestina.
Desde o início da agressão, cenários de expulsão em massa para a Península do Sinai, por mar, ou para países africanos frágeis têm sido promovidos.
Nesse contexto, entidades não reconhecidas como a “Somalilândia” surgem como opções dentro de uma ideologia colonial que busca reencenar a Nakba com novos mecanismos. O deslocamento forçado constitui um crime de guerra e um crime contra a humanidade, sendo parte central da guerra contra Gaza.
Conclusão: O reconhecimento sionista da “Somalilândia” não é um ato de solidariedade, mas um projeto de dominação marítima, militar, política e de inteligência.
Um sionismo que nega a Palestina não pode defender a liberdade de nenhum outro povo.
A Palestina não é uma causa isolada, mas o eixo de uma luta global contra um projeto colonial que hoje se estende de Jerusalém à África.
29 de dezembro
União Palestina da América Latina - UPAL