Ao completar nesta terça-feira, 7 de outubro, dois anos do início da ofensiva israelita na Faixa de Gaza, a agência da Organização das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) informou que o território está 90% destruído, tornando impossível a vida normal. No entanto, o custo mais devastador recai sobre as crianças, deixando uma geração marcada por um trauma irreversível.
O genocídio israelita provocou a «maior crise de orfandade da história moderna», com mais de 17 000 crianças que perderam um ou ambos os pais. O diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, alertou que o impacto vai além das lesões físicas, deixando «cicatrizes profundas e invisíveis» na infância, como ansiedade, pesadelos e agressividade. Estima-se que 100% das crianças em Gaza precisam de apoio psicossocial e de saúde mental.
A exposição constante à violência gera nas crianças um «transtorno de stress traumático contínuo» (CTSD), que reconfigura o seu cérebro e aumenta a vulnerabilidade a futuras crises psicológicas. Especialistas em neurogenética alertam que a exposição ao stress extremo e a toxinas (como o fósforo branco) deixará «marcas biológicas que podem ser transmitidas às gerações futuras» através da epigenética.
Esta dupla carga de trauma, combinando o sofrimento herdado com o sofrimento direto, implica que a violência «não afeta apenas aqueles que a sofrem em primeira mão, mas também aqueles que a testemunham», carregando assim a marca genética de uma violência que, dois anos depois, continua sem cessar. Por outro lado, o porta-voz da UNRWA, Adnan Abu Hasna, acrescentou que na Faixa «reina a fome», sobretudo na cidade de Gaza, onde meio milhão de pessoas a sofrem. «Não há água, luz nem sistemas de esgotos», explicou.
Além do custo humano, o ministro da Economia da Autoridade Nacional Palestina, Mohamed al Amour, estimou que serão necessários mais de 50 mil milhões de dólares para a reconstrução da Faixa, onde se calcula que 90% dos habitantes estão desempregados devido ao conflito.
Fonte: https://diario-octubre.com/2025/10/08/unrwa-advierte-sobre-impacto-genetico-del-trauma-en-la-ninez-de-palestina/
