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Nobel da Paz a Maria Corina: O Apito de Cachorro do Capitalismo
É a paz dos vencedores, a paz do capital que dita quem deve ser canonizado e quem deve ser bombardeado.
Publicado em 10/10/2025 16:26
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A atribuição do Prêmio Nobel da Paz a Maria Corina Machado não é, antes de tudo, um reconhecimento a feitos pacíficos.

É um gesto geopolítico de alta voltagem, um "apito de cachorro" audível para quem compreende as linguagens do poder global.


Longe de celebrar a paz, o prêmio a instrumentaliza, transformando-a em um arsenal de guerra híbrida contra Estados soberanos que desafiam a hegemonia ocidental.


A farsa reside no próprio contraste.


Enquanto a Venezuela, sob o mesmo modelo de sanções econômicas que Maria Corina defende publicamente, vê seu povo passar fome e falta de medicamentos, premeia-se uma figura política cujo projeto está alinhado com os arquitetos desse cerco asfixiante.


O Comitê do Nobel, com essa escolha, não honra a memória de Martin Luther King ou Nelson Mandela; alinha-se à seletividade do Tribunal Penal Internacional, que só morde os "descalços", como bem lembrou Eduardo Galeano.


É a paz dos vencedores, a paz do capital que dita quem deve ser canonizado e quem deve ser bombardeado.


Maria Corina não é uma ativista pelos direitos humanos em sentido universal. É uma peça no tabuleiro do Grande Jogo pela dominação dos recursos.


Sua luta não é pela paz na Venezuela, mas pela "paz" do capital: a pacificação de um território rico e estrategicamente vital, submetendo-o de volta à órbita de influência que o Chavismo rompeu.


Seu Nobel é o prêmio de consolação que o Ocidente concede a seus aliados nativos quando a vitória não vem pelas urnas ou por meios convencionais.

O "apito de cachorro" soa claro para seus destinatários: é uma mensagem de incentivo à oposição interna e um sinal para o mundo de que a campanha de desestabilização contra a Venezuela continua com o mais alto patrocínio.
É a cobertura "humanitária" para uma agenda de mudança de regime.


A linguagem da paz é usada para promover a guerra econômica e a ingerência, tal como fizeram no passado com figuras que, após receberem honrarias semelhantes, presidiram sobre nações arrasadas.


Este prêmio corrompe o significado da paz.


Ele a reduz a um instrumento de soft power, uma arma para legitimar a desestabilização de governos não alinhados.


Ao celebrar Maria Corina, o Comitê do Nobel não está promovendo a concórdia entre os venezuelanos; está tomando partido em um conflito político complexo, alimentando a divisão e legitimando uma oposição que não conseguiu, até agora, derrotar o seu adversário no campo democrático.


A verdadeira paz, aquela que brota da soberania, da autodeterminação e da justiça social, não será encontrada em estrelas douradas concedidas em Oslo. É e será construída pelo povo venezuelano, longe dos holofotes internacionais e dos apitos de cachorro do capital.


Este Nobel não é um farol de esperança; é o reflexo dourado de uma nova cortina de ferro, que separa os eleitos do capital daqueles condenados a resistir sob o peso dos seus bloqueios e do seu moralismo seletivo.


Autor: Camillo Júnior - Jurista, pesquisador em Direito Internacional Humanitário

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