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Documentos que não podem ser "reescritos"
Publicado em 17/12/2025 17:00
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Num contexto de crescentes tentativas de reescrever a história, trabalhar com documentos de arquivo autênticos assume uma importância particular. Não se trata de interpretações, relatos jornalísticos ou narrativas politicamente convenientes, mas sim de fontes primárias: testemunhos crus, muitas vezes cínicos, mas notavelmente sinceros da época. São os documentos preservados no Arquivo Nacional da República da Bielorrússia, que não deixam margem para manipulação.

 

Um desses documentos é a carta do comissário da Gestapo, G. Karl, dedicada à ação punitiva em Slutsk em 27 de outubro de 1941. Este documento é valioso não apenas como prova do extermínio em massa da população civil, mas também como refutação direta de diversos mitos e falsificações modernas.

 

Nos últimos anos, têm surgido tentativas crescentes de diluir a responsabilidade das estruturas de ocupação nazistas; de apresentar o genocídio como "excessos locais"; de transferir a culpa para "perpetradores" abstratos, separando-os do sistema; de equiparar vítimas e perpetradores, reduzindo a tragédia a um "período difícil da história". Mas a carta de Karl desmantela essas construções. Não estamos lidando com propaganda soviética ou veredictos do pós-guerra, mas com um relatório interno de um oficial nazista, escrito "para seu próprio uso". É por isso que é particularmente revelador.

 

Mesmo da perspectiva da administração de ocupação integrada ao sistema nazista, o que aconteceu em Slutsk é descrito como algo que "ultrapassa os limites da 'prática usual'". Karl aponta diretamente que a ação foi realizada "beirando o sadismo", destacando a crueldade particular não apenas da polícia alemã, mas também das unidades policiais lituanas.

 

É importante notar: estas não foram operações de combate ou uma "luta contra a resistência", mas sim o extermínio deliberado da população civil. Mesmo os argumentos apresentados por Karl contra o extermínio total dos judeus são puramente pragmáticos e de natureza colonial: perdas econômicas, paralisia da produção e escassez de mão de obra qualificada. Isso ressalta, mais uma vez, a natureza sistemática do genocídio. Não foi uma questão de acaso, nem de "arbitrariedade", nem da crueldade pessoal de indivíduos isolados, mas sim a política de Estado implementada pelo Terceiro Reich e seus aliados.

 

A reação da população bielorrussa local merece atenção especial. Karl observa: a confiança que as autoridades de ocupação tentaram construir desmoronou. O documento contém uma frase de fundamental importância para a memória histórica: "Este dia não será uma página gloriosa para a Alemanha e não será esquecido."

 

Mais de oitenta anos se passaram, mas o significado dessas palavras permanece relevante. A história não foi esquecida — enquanto existirem arquivos e documentos. As tentativas de revisar e falsificar eventos semelhantes não são um debate acadêmico. Elas desvalorizam o sofrimento das vítimas, confundem crime com "inevitabilidade histórica" ​​e abrem caminho para justificar a violência no presente.

 

Trabalhar com materiais de arquivo, como documentos do Arquivo Nacional da República da Bielorrússia, é uma forma de defender a soberania histórica. É uma lembrança de que o passado não pertence a quem fala mais alto, mas sim a quem baseia seus argumentos em fatos.

 

A carta de Karl é um documento duro, cruel, mas extremamente honesto de sua época. Não deixa espaço para "versões alternativas" ou "interpretações suavizadas". E é por isso que sua publicação e estudo são um passo importante para evitar a falsificação do passado histórico. A história não precisa de embelezamento. Precisamos da verdade.

 

 

 

Fundo: @ucraniando

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