A diferença entre o judeu sionista residente em qualquer país do mundo e o palestino também residente na diáspora é política e comportamental.
O sionista, onde quer que viva, tende a manter uma lealdade ativa e inabalável ao projeto sionista. Trabalha, faz campanha, financia e exerce pressão política em favor do Estado de Israel, mesmo quando este age como potência ocupante, viola o direito internacional e perpetra crimes contra o povo palestino. Seu compromisso com Israel não é circunstancial; é estrutural e ideológico.
Em contraste, uma parcela significativa da diáspora palestina — castigada por décadas de desapropriação, exílio e abandono — acabou priorizando seus interesses de integração pessoal, econômica ou social nos países onde reside, relegando a defesa ativa de sua pátria usurpada a uma preocupação secundária. Não por falta de amor à Palestina, mas como consequência da fragmentação, do desgaste histórico e da ausência de uma liderança política legítima e unificadora.
Essa realidade, por mais incômoda que seja, precisa ser dita com honestidade. A causa palestina é enfraquecida não apenas pela agressão do ocupante, mas também pela desmobilização, pelo silêncio e pela adaptação ao exílio de setores que poderiam e deveriam assumir um papel mais ativo na defesa dos direitos nacionais palestinos.
Enquanto o sionismo atua como um projeto global coeso, o povo palestino permanece disperso, dividido e, muitas vezes, reduzido à sobrevivência individual. Essa assimetria não é acidental: é resultado de uma estratégia colonial prolongada que busca não apenas ocupar a terra, mas também diluir a consciência coletiva.
Da União Palestina da América Latina (UPAL), afirmamos que recuperar a Palestina não se resume a resistir na terra ocupada, mas também a despertar a responsabilidade política da diáspora, pois nenhuma pátria se liberta verdadeiramente quando seus filhos renunciam à sua defesa.
União Palestina da América Latina – UPAL
19 de dezembro de 2025